A estratégia para o processo eleitoral das eleições autárquicas previstas para quando o MPLA quiser, talvez os primeiros ensaios sejam em 2020, e o alargamento do Comité Central marcam, sábado, os trabalhos do 7º Congresso Extraordinário do MPLA, partido que está no Poder desde 1975 e cuja democraticidade interna é bem visível no facto de, desde que os portugueses lhe derem o país, já ter tido… três (3) presidentes.
Segundo um comunicado do partido, o conclave, sob o lema “MPLA e os Novos Desafios”, vai decorrer no Complexo Turístico Futungo 2, em Luanda, e será presidido pelo querido líder, João Lourenço, igualmente chefe de Estado e Titular do Poder Executivo e ex-Presidente do MPLA e ex-ministro de José Eduardo dos Santos.
Sem a liderança do MPLA estar em causa (nunca está em causa), os dois temas fortes são o alargamento do Comité Central do partido, em que existem 134 candidatos escolhidos a dedo para se juntarem aos 363 membros actuais, e a estratégia para as primeiras autárquicas em 44 anos de independência de Angola sempre sob o comando do MPLA, cujos contornos estão ainda por definir, estando por conhecer se se realizarão simultaneamente em todo o país, como defende a oposição que, por filantropia o MPLA ainda permite que exista, ou em apenas alguns dos municípios, tal como pretende o partido.
O conclave, que contará com 2.591 delegados, tem também na agenda “ajustamentos pontuais” aos estatutos do partido, relacionados com o alargamento do Comité Central e “outros”, e também a aprovação dos documentos finais, como a resolução geral do 7º Congresso Extraordinário, e as diferentes moções a apresentar e que, dessa forma, ajudarão a passar a imagem de que se trata de um congresso democrático.
“Segundo os Estatutos do MPLA, qualquer órgão ou organização do partido, a nível nacional ou um terço dos participantes ao último congresso ordinário (realizado entre 17 e 20 de Agosto de 2016) podem propor ao Comité Central ou ao presidente do partido a convocação de um congresso extraordinário, indicando, na proposta, as razões, sendo que o Comité Central delibera, depois de consultar os órgãos intermédios, o que veio a acontecer”, lê-se na nota.
No 6º Congresso Extraordinário do MPLA, realizado a 8 de Setembro de 2018, João Lourenço, Presidente de Angola desde Setembro de 2017, foi “eleito” líder do partido com 98,58% dos votos, sucedendo a José Eduardo dos Santos, que presidiu o partido desde 1979 e que sempre foi “eleito” com idêntica percentagem.
A história do João… ratão
A história começa assim: Era uma vez um João muito bem domesticado, assimilado pelos patrões da corrupção e, depois de muito ter rastejado, conseguiu finalmente um tacho como Ministro da governação.
Há alguns meses decorreu em Luanda uma enorme palhaçada que alguns defensores do socialismo cleptocrático, como é o caso do João, cognominaram de Congresso do MPLA. Nessa palhaçada o “Querido Líder”, Zédu dos Santos, foi eleito com 99.6% dos votos. Não consta que o João, muito bem domesticado e assimilado pelos patrões da corrupção, fizesse parte dos 0.4% que tentaram criticar esse cortejo carnavalesco.
Passados que foram alguns, não muitos, meses a claque de que faz parte o João veio demonstrar que em Angola tudo o que há de mau foi provocado pelo tal que foi eleito com 99.6% da grande palhaçada.
Ainda não há muitos meses, no tempo dos 99.6%, um grupo de angolanos quis organizar uma manifestação a favor da defesa da democracia e dos direitos humanos. Essa manifestação foi brutalmente reprimida pelos tutores do João defensor do socialismo cleptocrático.
O João defensor do socialismo cleptocrático “vestiu apressadamente a farda do MPLA, apertou os atacadores do sapatos, afivelou o cinto, para não lhe caírem as calças, e veio numa enorme correria para a rua gritar”, numa crónica publicada no Jornal de Angola, órgão da propaganda oficial do socialismo cleptocrático, apresentando-se como “intelectual” defensor de uma contramanifestação, do tipo das que são organizadas pelo Kim Jong-un da “Correia da Morte”.
Há já alguns anos, jovens adultos, Cassule, Camulingue e Ganga, entre muitos outros, foram assassinados, em obediência às “ordens superiores” dos capangas do governo apoiado pelo João defensor do socialismo cleptocrático. Passados já vários anos, as famílias desses mártires ainda não foram indemnizadas pelos danos causados pelo grupo dos 99.6 %, do qual o João, defensor do socialismo cleptocrático, fez parte. O João mantém-se calado, demasiadamente surdo e mudo, cobarde e cumplicemente indiferente perante uma tão grande injustiça.
Já há algum tempo, não muito, uma criança pobre, o Rufino António, foi assassinada pelos cangaceiros ao serviço do grupo dos 99.6%, quando revelou uma enorme aflição por estarem a derrubar a casa pobre dos seus pais pobres. O João mantém-se calado, demasiadamente surdo e mudo, cobarde e cumplicemente indiferente perante uma tão grande injustiça.
Há algum tempo iniciou-se em Portugal o processo para o julgamento de Manuel Vicente, que demonstrava sinais exteriores de riqueza impossíveis de adquirir através de uma remuneração honesta na Sonangol, apenas possíveis através do peculato, segundo a acusação. O João defensor do socialismo cleptocrático “vestiu apressadamente a farda do MPLA, apertou os atacadores do sapatos, afivelou o cinto, para não lhe caírem as calças, e veio numa enorme correria para a rua gritar”, numa crónica, defendendo que os tribunais angolanos são competentes para julgar o potencial corrupto.
O MPLA andou muito atarefado a rascunhar a Lei da Legalização da Roubalheira dos Grandes Ladrões, no tempo dos 99.6%, pomposamente designada por lei do repatriamento de capitais. O João manteve-se calado, demasiadamente surdo e mudo, cobarde e cúmplice perante uma tão grande injustiça nojenta.
Anteriormente a estratégia era diferente, era necessário demonstrar que o João, defensor do socialismo cleptocrático, fazia parte do grupo dos 99.6%. Agora a estratégia é tentar demonstrar que não fez parte do grupo dos 99.6% até ao dia em que o novo “Querido Líder” seja eleito, no próximo Congresso da Palhaçada, com 99.999%.
Folha 8 com Lusa